ESFINGE DE BARRO

13/09/2015 10:48

Frederico Spencer

 

De repente sentiu uma saudade profunda, que o paralisou. Pegou o calendário que estava em cima do birô, agendas antigas, cartões de visita, um álbum de fotografias.

Como fosse um quebra-cabeça quis remontar o tempo de alguma forma. Por mais que tentasse não conseguia fazer uma conexão. Os locais, as pessoas, aqueles momentos, ali estampados, não existiam mais em sua mente, um vazio tomava conta do seu ser.

Abriu a janela: só os carros passavam em alta velocidade, ninguém nas ruas - sentia um clima de tragédia no ar. Um silêncio lhe tomava de assalto neste momento, totalmente lívido, escutava as batidas do seu coração e isto lhe causava espanto além desta dor imensa.